Laços da maternidade: força e resiliência diante dos obstáculos da prematuridade

7 de maio de 2024 - 11:26

Assessoria do HGCC
Texto: Wescley Jorge
Fotos: Thiago Freitas

Na semana que antecede o Dia das Mães, comemorado no próximo domingo (12), a Saúde do Ceará, por meio de uma série de reportagens, explora a força e a beleza dos laços que as unem aos filhos, transcendendo os desafios e celebrando essa jornada única. Na segunda reportagem, você confere histórias de mulheres que foram mães nas unidades da rede da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa). Relatos que envolvem medo do desconhecido, a insegurança proporcionada pela prematuridade, mas também a fortaleza que chega com a maternidade e a esperança de dias melhores.

Quando o medo dá lugar ao amor e à esperança

 A primeira sensação foi de medo. Era tudo muito desconhecido. Os preparativos para receber o primeiro filho já aconteciam, mas ele teve pressa para nascer. Prematuramente, aos cinco meses, com apenas 25 semanas, Joab Anthony Oliveira da Silva, chegou no dia 20 de janeiro de 2024, no Hospital Geral Dr. César Cals (HGCC), unidade da Sesa. Há três meses, a criança vem transformando a vida de Kailanne da Silva Ramos, 21, moradora de Maracanaú, na Grande Fortaleza.

Prestes a comemorar o seu primeiro Dia das Mães, Kailane se diz feliz e grata pela chegada do filho. “O meu presente, eu já ganhei. Estou me sentindo muito feliz”. Agora, o que ela mais quer é ir para casa com o bebê. Após a realização de exames, o pequeno vai ter alta. “Eu sinto alívio e segurança. Saber que vou poder cuidar dele em casa. Isso é uma sensação muito boa”, reforça.

Mas antes desse momento, a trajetória de Joab foi de luta e superação diante da prematuridade. “Quando ele nasceu, foi direto para a UTI, passou dois meses. Ele estava se recuperando, então a gente veio para cá (Enfermaria Canguru). Nesse tempo, surgiu um problema no olho dele, eu fiquei com muito medo. Aí depois surgiu o problema da hérnia. Ele teve que fazer essas duas cirurgias”, relembra a mãe.

Quem acompanhou de perto o progresso de Joab e da mãe foi a enfermeira Roselise Saraiva, tutora do Método Canguru. Ela sabe o quanto as vitórias dos dois são valiosas a cada dia. “Ele passou por vários procedimentos. Foi entubado, usou cateter. Aqui, na Unidade Canguru, ele evoluiu. Usou sonda, precisou fazer a transição da sonda para o peito e está em aleitamento materno. Fez duas cirurgias, sendo uma de correção da retina e outra de correção de hernia inguinal bilateral”, descreve Saraiva.

Mesmo com todos esses procedimentos e etapas, seguiam-se os cuidados ao filho de Kailane, fundamental nesse processo. “Ele fez seguimento de Palivizumabe, anticorpo que protege o pulmão da bronquiolite. E tem a mãe, que é forte, sempre passando por todos esses momentos com muita serenidade. Verificou-se o na produção do leite. O bebê começou a mamar e ganhar peso”, destaca Saraiva.

Unidade Canguru favorece o desenvolvimento de bebês

De acordo com Ana Daniele Vitoriano, chefe do Centro de Neonatologia do HGCC, a participação dos pais apresenta um diferencial no desenvolvimento da criança. “O contato do pai e da mãe, principalmente no Canguru, favorece o desenvolvimento dos recém-nascidos, auxilia no ganho de peso, na estabilização dos batimentos cardíacos e até mesmo ajuda para reduzir o tempo de internação”, reforça.

 A saída de Joab do hospital foi comemorada pela mãe e por toda a equipe do HGCC

A mãe, orgulhosa das conquistas do filho, lembra do dia do nascimento de Joab, quando ainda sentia medo, pois não esperava que ele chegaria tão cedo. “Eu senti medo de novo porque eu pensei que ele não ia sobreviver. Mas quando eu fui vê-lo na UTI, o amor que eu já estava sentindo aumentou. Deu mais vontade de querer cuidar dele. Ver o tanto que ele estava sendo forte, porque ele nasceu muito prematuro e ele conseguiu passar por tudo”, lembra a mãe.

Hoje, mais segura, já não tem espaço para o temor do início. “Eu me sinto muito feliz e aliviada também. Sinto paz também e estou mais tranquila. O amor só aumenta, só faz aumentar, todo dia. O mais difícil para mim era ver ele (sic) lá (na UTI) dentro da incubadora, sem poder pegar nele, os aparelhos ligados nele. Isso era muito difícil. Poder tocar nele, como agora, foi uma emoção muito grande”, comemora.

Para o futuro, se depender da mãe, Joab terá felicidade e viverá cercado de amor e cuidados. “Eu espero e quero que a gente seja muito feliz, que a gente possa cuidar dele muito bem, que ele tenha tudo, porque a gente não teve. Continuar junto assim para poder cuidar dele. Que ele viva bem, seja uma pessoa maravilhosa no futuro”, planeja a mãe, que já está em casa com seu bebê.