Mãe em casa e no trabalho: a terapeuta ocupacional que faz do seu ofício uma maternidade
9 de maio de 2025 - 13:16
Assessoria do HGCC
Texto: Wescley Jorge
Fotos: Thiago Freitas
Ela chega cedo ao Hospital Geral Dr. César Cals (HGCC), unidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa). No setor em que coordena, a sensação de casa e de acolhimento predomina. Nas palavras de quem recebe seu cuidado, ela vai além do simples ato de coordenar um serviço. Cláudia Hemerita, terapeuta ocupacional do setor de Acolhimento Materno, atua com entrega e se torna, muitas vezes, uma mãe para as mães de bebês internados na Unidade Neonatal.
Cláudia, com os filhos: uma amizade que é especial. (Foto: arquivo pessoal)
“Eu amo ser terapeuta ocupacional, amo ser mãe. E não é fácil, não é só parir o bebê e dar alimento. É muito além. Eu amamentei dois filhos e um terceiro é meu do coração. Nós temos uma linda amizade, é um presente de Deus. E aqui as pacientes são como verdadeiras amigas, filhas, irmãs… a gente se torna uma grande família. Mesmo após a alta dos bebês, a gente mantém contato, acaba se encontrando. É muito emocionante quando a gente olha para uma mãe, uma família e vê que esse bebê está em desenvolvimento, está bem. É muito gratificante”, garante Cláudia Hemerita.
A professora Raquel Bezerra da Silva, 31, é da cidade de Boa Viagem, no interior do Ceará. Veio para uma consulta no HGCC e precisou ficar internada por conta da pressão alta. Gestante, passou 22 dias em cuidados até o dia do parto, realizado no dia 16 de março. Desde então, ela acompanha a filha Rebeca, internada, atualmente, na Unidade de Cuidado Intermediário Convencional (UCINCo).
“A gente sabe que ela poderia muito bem chegar e somente fazer o trabalho dela, recepcionar as pessoas e fazer a terapia ocupacional. Mas não. Ela faz além do trabalho dela, faz por amor, a gente sente. É como se ela tivesse um cuidado a mais. Ela tem esse carinho, se preocupa com a saúde, com tudo. É um cuidado completo”, afirma Raquel.
O cuidado além é confirmado pela mãe de Raquel, que sempre acompanha a filha ao hospital. A sensação é de ter uma mãe sempre pronta para acolher e oferecer ajuda. “A Claúdia liga até para saber se a gente já almoçou. Minha filha faz tratamento em outro hospital. Uma vez, ela até preparou um lanche para levarmos”, revela a funcionária pública Francisca Áurea Bezerra da Silva, 50 anos, que está em Fortaleza, juntamente com a filha.
A profissional exerce suas funções por meio de terapias, conselhos, oficinas, palestras. Mas Cláudia atua com expressões, reações naturais de sua personalidade e atitudes inspiradas nos conselhos dos pais. Sorrisos, força, amparo, cuidado, carinho, dedicação, acolhimento e tantos outros gestos fazem dela uma mãe para tantas mães que precisam de atenção.
“Isso vem dos meus pais, de muito cedo, a criação sobre o verdadeiro amor, de doar-se, de ir além do que você pode fazer no que está escrito na sua função, mas de você olhar para o outro e ver no outro a imagem de Jesus e você amar incondicionalmente essa pessoa e ajudar da forma que tiver o seu alcance e muitas vezes até nem está, mas que você tenta”, declara Hemerita.
E é esse tentar que a diferencia e se estabelece como doação às mães do Acolhimento, que recebem toda atenção e cuidado. “A diferença que faz é que nos torna mais seguras. Muita gente vem sozinha, do interior, como eu. Quando a gente chega lá no acolhimento, a gente recebe isso de todos os profissionais e principalmente dela, né, porque assim, ela abraça a causa mesmo”, reforça Raquel.
O Serviço atende mais de 50 mães por mês, que precisam vir diariamente aos HGCC. Disponibiliza acolhida, ambiente, terapias, palestras, oficinas, rodas de conversa, alimentação, entre outras ações e atividades. Pais e mães não são visitas. Eles têm acesso garantido aos filhos internados na unidade neonatal. Atuam como acompanhantes e integram o cuidado, permitindo o fortalecimento do vínculo.
“Quando a mãe chega aonde seu filho não está, no seu ventre, e quando ela vai para casa e não está num berço também, eu imagino essa dor porque eu nunca vivenciei. Então a empatia de colocar-se no lugar do outro é fundamental, é acolher, é amar, é sorrir, é dar colo, quando muitas vezes, precisa desse colo, é ouvir e tentar ajudar da melhor forma possível a enfrentar esse momento do bebê está internado, que não é fácil” revela Hemerita.
O que falam sobre a atuação da coordenadora é unânime. As mães resolveram agradecer toda a dedicação com um abraço especial naquela que representa segurança e abrigo em todos os momentos. O Hospital Geral Dr. César Cals homenageia todos as mães que atuam na unidade e aquelas que aqui são atendidas e cuidadas diariamente.