Hospital César Cals amplia tratamento de sífilis e passa a incluir os pais dos recém-nascidos
9 de outubro de 2025 - 16:00
Assessoria do HGCC
Texto: Wescley Jorge
Fotos: Thiago Freitas
Além dos bebês e puérperas, os pais agora também podem realizar o tratamento no HGCC
O Hospital Geral Dr. César Cals (HGCC), unidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), ampliou o atendimento às famílias de pacientes com sífilis congênita. A partir de agora, além das puérperas e dos recém-nascidos, os companheiros também passam a ter acesso ao tratamento dentro da própria unidade. A medida fortalece a prevenção, reduz o risco de reinfecção das gestantes e contribui para interromper o ciclo de transmissão da doença.
“Identificamos as pacientes com sífilis nas enfermarias. A gestante é diagnosticada e tratada. Então convidamos também o parceiro para realizar o tratamento. Se o parceiro não for tratado, há risco de reinfecção, o que pode comprometer a saúde dela e do bebê. Daí a ampliação do tratamento para os pais”, explica Helena Marília Cavalcanti, chefe do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do HGCC.
Fluxo do atendimento ao parceiro
Quando o parceiro aceita o tratamento, o Serviço Social do hospital realiza o encaminhamento para a emergência obstétrica. Lá, é aberta uma ficha de atendimento, classificada como azul, já que não há urgência. Antes de receber a medicação, o acompanhante assina um termo de consentimento informado e recebe orientações sobre a continuidade do acompanhamento na Unidade Básica de Saúde (UBS).
Para a pediatra Sara Leão, que acompanha os bebês no Alojamento Conjunto, a adesão tem sido expressiva. “Eu abordo a família, converso com os pais, converso com eles, falo da importância de tratarem os três, porque senão vai ficar um transmitido para o outro, a próxima gestação já vai ser complicada. A gente está tendo uma excelente adesão. Todos os pais dos bebês que chegam aqui estão aceitando o tratamento”, confirma.
O tratamento segue o protocolo do Ministério da Saúde, com aplicação de benzilpenicilina benzatina
O atendimento é feito pelo obstetra, que explica o tratamento, responde às dúvidas e prescreve a dose do medicamento, conforme o protocolo do Ministério da Saúde. Após a aplicação, o paciente permanece em observação e, em seguida, é encaminhado para acompanhamento na Unidade Básica de Saúde (UBS) de referência. “Esse cuidado integral garante maior eficácia no controle da doença”, detalha Cavalcanti.
Cuidado ampliado
A inclusão do tratamento dos parceiros no fluxo hospitalar nasceu de uma demanda observada pelas equipes multiprofissionais. Antes, os homens eram orientados a procurar atendimento em postos de saúde, mas havia grande resistência e baixa adesão.
“O HGCC tem como premissa a responsabilidade social com suas pacientes. Uma das nossas maiores preocupações era o risco de falha terapêutica se o parceiro não fosse tratado. Agora, conseguimos interromper o ciclo de transmissão de uma doença que pode ser tratada de forma simples e eficaz”, reforça Helena Marília.
O novo serviço já traz alívio para famílias que enfrentam a sífilis congênita. Ana Lúcia (nome fictício), acompanha o filho internado na unidade e segue em tratamento. “Estamos aqui por ele. Ansiosos para ir para casa. Mas estamos seguindo todas as recomendações e cuidados”, afirma.
Ao lado dela, o companheiro Carlos Eduardo (nome fictício) também recebeu o tratamento no hospital. Para ele, a medida representa mais praticidade e segurança. “Facilita o acesso e a gente não precisa ir para casa com essa preocupação. Que bom que o hospital oferece o tratamento para a gente. Tenho muita gratidão à equipe, que dá o melhor para nós.”
Em 2024, o HGCC registrou um total de 153 casos de sífilis, dos quais 75 casos em gestantes e 78 de sífilis congênitas, nos recém-nascidos. Em 2025, esses números já comam, 88 casos, sendo 40 em gestantes e 48 de sífilis congênita.
Com a iniciativa, o Hospital Geral Dr. César Cals reforça seu papel na prevenção e no enfrentamento da sífilis congênita. A estratégia amplia a resolutividade, aumenta a adesão e contribui diretamente para a redução dos índices da doença.