Violência contra a mulher: unidades da Rede Sesa oferecem serviços de acolhimento e atendimento a vítimas

3 de setembro de 2025 - 16:53

Assessoria do HGCC e das UPAs
Texto: Wescley Jorge e Márcia Catunda
Fotos: Thiago Freitas


No HGCC, as mulheres vítimas de violência encontram espaço seguro para acolhimento

Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) se engaja no enfrentamento dos mais diversos tipos de violência contra a mulher por meio de serviço de atendimento e suporte às vítimas que, muitas vezes, não sabem a quem recorrer. A Rede Ponto de Luz abrange diversas unidades e atua na promoção de acolhimento, orientação e assistência a pessoas em situação de violência sexual e/ou doméstica. Hospitais e unidades especializadas promovem acolhimento humanizado, sigiloso e imediato, com assistência médica, psicológica e social.

A mulher que traz consigo o peso de uma violência que marcou seu corpo e sua história, encontra um espaço seguro, por exemplo, ao cruzar as portas do Hospital Geral Dr. César Cals (HGCC). Lá, o silêncio é respeitado, a dor é compreendida e os direitos são garantidos. Assim é o Programa Vitória-régia, que atua de forma humanizada, acolhedora e transformadora, com equipe multiprofissional.

Vitória-régia: quando o acolhimento floresce em meio à dor

Iniciado em 2022 como projeto, o Vitória-régia tornou-se programa consolidado no HGCC. Desde então, vem se destacando pelo cuidado integral oferecido às mulheres, a partir de 12 anos, vítimas de violência sexual ou doméstica.

“O que oferecemos aqui vai além do atendimento técnico. Criamos um espaço de segurança real. A mulher que chega aqui precisa sentir que está segura, não apenas ser informada disso. E nós garantimos isso com estrutura, escuta e respeito”, explica Maria Delfino, assistente social do programa.

O programa disponibiliza uma série serviços, como acolhimento sigiloso e humanizado; acompanhamento psicológico, social, ginecológico e obstétrico; interrupção legal da gravidez, quando a gestação for decorrente de estupro, conforme previsto na legislação brasileira; encaminhamento para entrega legal para adoção, em parceria com o Ministério Público; acompanhamento por até seis meses, de acordo com a decisão e escolha de cada mulher; inclusão em programas de planejamento familiar, no próprio HGCC, para garantir autonomia e respeito aos direitos reprodutivos das mulheres.

Desde a sua criação, o Vitória-régia mostra um crescimento significativo na procura e no impacto. Em 2022, foram 4 mulheres atendidas; no ano seguinte, esse número foi de 20 atendimentos; em 2024, foram 34 mulheres atendidas; e até agosto de 2025, 41 mulheres já receberam acolhimento.

O aumento, segundo Delfino, também se deve à visibilidade do serviço. “Muitas mulheres descobrem o programa ao pesquisarem na internet sobre aborto legal em Fortaleza. O nome do HGCC aparece como referência. Isso mostra o quanto o serviço está se tornando conhecido e, mais importante, acessível”, relata.

Sala exclusiva de acolhimento


O atendimento é humanizado, sigiloso e de apoio multiprofissional

O ambiente onde o atendimento é realizado no HGCC é cuidadosamente estruturado para oferecer conforto e proteção. “Algumas chegam em pânico e dizem: ‘eu preciso de um espaço seguro’. E nós imediatamente a levamos para a sala de acolhimento. Lá, ela encontra silêncio, escuta e respeito. Isso é essencial para que o atendimento aconteça de forma ética e respeitosa”, reforça Delfino. O atendimento é 24 horas. Todos os dias da semana.

Todo o processo é feito com sigilo absoluto. O conteúdo dos documentos é explicado detalhadamente e no tempo da paciente. A mulher assina quando se sente pronta e, acima de tudo, informada. “A maioria não sabe que tem direito à interrupção legal. Chegam com culpa, medo e vergonha. Nosso papel é esclarecer que a culpa não é delas. A violência não foi causada por sua roupa, seu comportamento ou o horário em que estava na rua. É importante ressaltar que a violência foi causada por um agressor”, completa.

Nas UPAs, equipe fica atenta para prestar o atendimento em casos de violência

O olhar dos assistentes sociais que atuam nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) precisa ser apurado e empático nesses casos. “Mulheres que sofrem qualquer tipo de violência, muitas vezes, sentem medo. A equipe de Serviço Social das UPAs realiza o atendimento e oferece as devidas orientações às vítimas”, explica Elizabeth Benício, assistente social da UPA Messejana.

Ao identificar indícios do problema, o assistente social responsável chama a paciente para conversar em uma sala reservada para fazer o acolhimento e entender a situação. Se o médico ou enfermeiro notar sinais, também pode acionar esse profissional.

O medo de denunciar é recorrente nas vítimas, por isso o acolhimento e a escuta são fundamentais para que elas se sintam mais tranquila. “O atendimento ocorre de forma acolhedora, sigilosa e articulada com a rede de proteção”, diz Elizabeth.

O assistente social atua de forma central na escuta qualificada, conforme exigências legais e no encaminhamento protegido a serviços especializados”, acrescenta a assistente social Izabel Guedes. Em casos de violência, procurar a unidade mais próxima de casa é o mais indicado. Ela reforça que o acolhimento deve vir de todos os profissionais, desde a recepção, até a assistência.

Após o momento de acolhida e escuta, há articulação da equipe do Serviço Social com os equipamentos da política de assistência social e da justiça para dar continuidade no acompanhamento à paciente e à família. A parceria existe com diversos equipamentos de Política de Assistência Social.

“A atuação integrada do serviço social da UPA com os órgãos competentes em defesa da mulher é essencial para garantir proteção, acesso à justiça e acompanhamento contínuo às mulheres vítimas de violência”, finaliza a assistente social Diana Leda. O plantão do Serviço Social nas UPAs estaduais funciona diariamente, a partir das 7h até as 19h.

O que fazer em caso de violência?

Se você ou alguém que você conhece for vítima de violência sexual ou doméstica, procure:

Hospital Geral Dr. César Cals (HGCC)
Avenida Imperador, 545, Centro, Fortaleza – CE
(85) 3125.9796
Atendimento 24 horas

Outros canais:

Disque 180 – Central de Atendimento à Mulher
Disque 100 – Violência contra crianças e adolescentes
Delegacias de Defesa da Mulher, em Fortaleza e municípios

UPA Praia do Futuro
R. Júlia Silva, 440
Telefone do Serviço Social: (85) 3265-2178

UPA Messejana
R. Miguel Gurgel, S/N
Telefone do Serviço Social: (85) 3459-0734

UPA Autran Nunes
Av. Senador Fernandes Távora, 2433
Telefone do Serviço Social: (85) 3290-4158

UPA Canindezinho
R. José Dantas, 447
Telefone do Serviço Social: (85) 3469-3173

UPA José Walter
Av. Presidente Costa e Silva
Telefone do Serviço Social: (85) 3473-7918

UPA Conjunto Ceará
3ª etapa da Rua Oitocentos e Cinquenta e Seis
Telefone do Serviço Social: (85) 3294-9714