Novas UBSFs terão kits para tratamento de reação à penicilina

28 de maio de 2012 - 17:39

Além da distribuição de 183 kits de reação anafilática por penicilina para tratamento a pacientes com sífilis na manhã desta segunda-feira, 28, aos secretários municipais de saúde e coordenadores da atenção básica, a Secretaria da Saúde do Estado fará a aquisição para entrega de kits para as 150 novas Unidades Básicas de Saúde da Família construídas pelo Governo do Estado no interior com recursos do Fecop (Fundo de Combate à Pobreza). O anúncio foi feito pelo secretário da saúde, Arruda Bastos, nesta segunda-feira, na abertura do Seminário Estadual de Prevenção e Controle da Sífilis Congênita. Ele sugeriu aos gestores municipais que transformem as novas UBSFs, feitas nos padrões da Anvisa, em unidades âncoras na redução da mortalidade materna e da sífilis. Arruda Bastos lembrou das ações e investimentos  realizados pelo Governo do Estado na atenção básica, que contribuem para a atenção à saúde da mulher e da criança: estadualização dos Agentes Comunitários de Saúde, em 2008; aquisição de 159 veículos, no total de R$5,2 milhões, para as ações do PSF nos municípios, distribuídos no último mês de abril; e ainda as novas 150 UBSFs, com a grande maioria já entregues à população,  no valor total de R$26,6 milhões.

O Coordenador de promoção e proteção à saúde da Sesa, Manoel Fonsêca, mostrando a evolução do número de casos da sífilis no Ceará de 2005 a 2011, classificou a doença e a mortalidade materna como duas “chagas”. Nesse período a incidência passou de 2,62 para 7,03 por 1.000 nascidos vivos. O diagnóstico tardio da sífilis materna aparece num dado preocupante: em 46% dos casos a doença só é diagnosticada na hora do parto ou da curetagem. Outro percentual que desafia os gestores e profissionais de saúde está no elevado índice do tratamento inadequado da sífilis na gestante. Segundo levantamento da Sesa esse índice está em 48%.
O Ceará foi o primeiro estado brasileiro a universalizar, em 2010, os dois testes de HIV e sífilis para gestantes no pré-natal. A universalização do exame foi possível com a aquisição de equipamentos para os Laboratórios Centrais de Saúde Pública (Lacen), unidades da rede estadual de saúde que realizam os testes. A Sesa está realizando capacitações para a aplicação do novo teste rápido de HIV e sífilis, que diminui o risco de falso positivo. No Brasil, dados do Ministério da Saúde mostram que a prevalência de sífilis em parturientes encontra-se em 1,6%, cerca de quatro vezes maior que a prevalência da infecção pelo HIV. A doença, considerada evitável, pode causar aborto, má formação do feto e morte ao nascer. Bebês podem ainda ter cegueira, surdez e deficiência mental.
A sífilis é uma doença infecciosa causada pela bactéria Treponema pallidum e pode se manifestar de forma temporária, em três estágios. Os principais sintomas ocorrem nas duas primeiras fases, período em que a doença é mais contagiosa. O terceiro estágio pode não apresentar sintoma e, por isso, dá a falsa impressão de cura da doença. Com o desaparecimento dos sintomas, o que acontece com frequência, as pessoas se despreocupam e não buscam diagnóstico e tratamento. Sem o atendimento adequado, a doença pode comprometer a pele, os olhos, os ossos, o sistema cardiovascular e o sistema nervoso. Se não tratada, pode até levar à morte.

Além da transmissão vertical (de mãe para filho), a doença pode ser transmitida de uma pessoa para outra durante o sexo sem camisinha com alguém infectado e por transfusão de sangue contaminado. O uso da camisinha em todas as relações sexuais e o correto acompanhamento durante a gravidez são meios simples, confiáveis e baratos de prevenção. Segundo estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS), a cada ano no mundo ocorrem aproximadamente 12 milhões de novos casos da doença. No Brasil, as estimativas da OMS de infecções de sífilis por transmissão sexual na população sexualmente ativa, a cada ano, são de 937 mil casos.