Arcebispo chama atenção para a responsabilidade social com a saúde

23 de fevereiro de 2012 - 19:18



“Já podemos considerar esse clima fraterno, com todos tratando a saúde pública a partir do diálogo, da parceria e da união de forças como um dos primeiros resultados da campanha da fraternidade 2012”, afirmou o arcebispo de Fortaleza, Dom José Antônio Tosi, na manhã desta quinta-feira, 23, durante o lançamento da  nova campanha, realizada em todo o país pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Fez essa afirmação porque o que seria uma  entrevista coletiva à imprensa, virou um fórum de duas horas de debates sobre a saúde pública com a participação de gestores, deputados, vereadores, representantes de sindicatos,  conselhos de saúde, universidades e das mais diferentes pastorais da igreja católica.

O subfinanciamento da saúde foi destaque nas falas: “lamentamos a redução anunciada de R$5 bilhões no orçamento nacional da saúde, mas estamos   mobilizados para reverter essa situação, através do Conselho Nacional de Secretários da Saúde, que agora pode receber o engajamento da campanhja da fraternidade”, disse o secretário da saúde do Estado, Arruda Bastos. A mobilização inclui a proposta de uma lei de iniciativa popular que determine a aplicação de 10% do orçamento do país na saúde. Segundo ele, o Conass elaborou um estudo que mostra a necessidade de um orçamento anual de R$100 bilhões para a saúde contra os atuais R$72 bilhões. Ele informou que no Ceará o governo do Estado aplica 17% do orçamento na saúde. Para este ano, o orçamento é de R$2,2 bilhões. Comparado com o orçamento de R$1,6 bilhão, o aumento é de 37%.

Lembrando que em 50 anos de campanhas da fraternidade, a saúde foi tema em três delas, Dom José Antônio Tosi fez questão de ressaltar que “saúde não é um simples bem estar físico e papel exclusivo dos governos. É preciso que cada um tenha responsabilidade social com a saúde pública. Com educação, mudanças de atitudes, a população cuida e promove a própria saúde e da comunidade, evitando e controlando, por exemplo, a  hipertensão, fator de risco  de doenças graves, que terminam estrangulando a assistência nos hospitais”. O arcebispo, ainda no foco da prevenção e da promoção, observou que “é elevado o número de acidentes de veículos e principalmente de motos, provocados na maioria dos casos por condutores alcoolizados e sem a carteira de habilitação”. Isso, disse, “é um problema de educação do povo, que a campanha da fraternidade se empenha em mobilizar para os cuidados e a responsabilidade com a vida e com a saúde coletiva”. Os acidentes, acrescentou, terminam sobrecarregando os hospitais de casos que poderiam ser evitados e comprometendo a qualidade da assistência às vítimas de doenças.

Na assistência, Arruda Bastos informou sobre a nova rede em construção pelo governo do Estado. Para ampliar e melhorar o acesso aos serviços de saúde na capital e no interior, além de quatro hospitais regionais, são 22 policlínicas regionais, 48 Unidades de Pronto Atendimento (UPAs 24h), 18 novos Centros de Especialidades Odontológicas (CEOs). O governo do Estado, em apoio à atenção básica nos municípios, está entregando a população 150 Unidades Básicas de Saúde da Família, com consultórios médico e odontológico, farmácia, sala de vacinação, numa estrutura moderna e com base nos padrões da Agência Nacional de Saúde (Anvisa).

Em relação aos profissionais de saúde, Arruda Bastos falou que a preocupação é com profissionais especializados em diferentes áreas. Por isso, pela primeira vez na história do Ceará foi realizada este ano a primeira residência médica unificada, com 451 vagas, de acordo com as necessidades apresentadas pelos hospitais e unidades de saúde a partir da procura dos pacientes para reduzir filas de espera por consultas, cirurgias e exames. Ainda sobre profissionais, ele resgatou a estadualização dos Agentes Comunitários de Saúde feita pelo governdaor Cid Gomes em 2008: “cerca de 9.300 Agentes Comunitários deixaram de ser pagos pelos municípios e passaram a receber contra cheques da Secretaria da Saúde do Estado, gerando vínculo para os trabalhadores e mais compromisso deles com as ações básicas de saúde”. Os ACSs tem papel importante na  promoção da saúde, acompanhando as famílias e orientando – só para citar dois exemplos, sobre o aleitamento materno e prevenção às doenças sexualmente transmissíveis.